quarta-feira, setembro 22, 2004

595. Conto (III)

A idiossincrasia do que parecia ser o chefe do grupo, dado que todos os restantes pareciam idolatrá-lo, criou-me a ilusão que seria idóneo. Quando me desloquei a caminho do deserto, estava efectivamente convencido que o era. No entanto pequenos igarapés cortavam o terreno em quase todo o seu comprimento e em toda a sua largura criando malhas incomensuráveis de água, o que nos obrigou a dividir em ínfimos grupos de apenas três indivíduos, que mal cabíamos nas igaras estacionadas em fila. Chegamos finalmente a uma pequena ilha, ao fim de mais de 12 horas de viagem sem nada comermos. Apenas um gole de água, que um dos indígenas me ofereceu, por uma única vez. Quando chegamos, o meu aspecto apresentava-me como um ser ignóbil. A ilha estava iluminada aparentando uma igreja natural. De repente tive a sensação de me ter deixado iliçar. Ígneos archotes debruavam um caminho que me conduziria ao mais ignoto dos mundos. Eu que não era da igualha destes autóctones, estava a ser convidado a sentar-me à volta de uma mesa coberta das mais exóticas iguarias. Não arranjei coragem para ilidir. Só pensava se sairia dali ileso.

(continua)

Sem comentários: