terça-feira, junho 14, 2005

743. Fri Mai Kél (*)

Era preto, agora é branco
Ingénuo e muito puro
Só que eu, para ser franco
Há coisas que não aturo.
E não venham com a justiça
Porque de pau mole ou duro
Não deixa de ser a piça
Na cama ou atrás dum muro.

Tratava-os como um pai
Diz a defesa de ar sério
Ele não disse ui nem ai
O dinheiro é o império.
E é um júri sem luta
Que decide em mistério.
Que grandes filhos da puta
Desculpem o impropério.

Leva os meninos p’rá cama
Dá-lhes carinhos demais
Trata-os como se fosse ama
E querem saber que mais?
Dizem as línguas do mundo
Que eram carícias tais
Pois para mim, lá no fundo
Já veio tudo nos jornais.

Só não viu quem não quis ver
Da acusação, à defesa
Mas não dá p’ra perceber
Toda esta ligeireza.
Sai o tipo em liberdade
Numa aura de pureza
Só que ele tem idade
P’ra repetir com certeza.

Eu confio em tribunais.
Mas deixe-me desconfiar,
Porque sentenças que tais
Não eram de se esperar.
Nesta história de cordel
Que acabei de contar
Sai de lá limpo o Miguel
Se alguém acreditar.


(*) Desculpa qualquer coisinha

Sem comentários: