quarta-feira, novembro 23, 2005

855. Macaquinho de imitação (VIII)

À maria_árvore detectei-a através de textos publicados noutro blog. A qualidade estava ali escarrapachada e seria inevitável “introduzir-lhe” um link nos meus favoritos. Nunca mais a perdi de vista e visito assiduamente a sua Chez Maria onde me apraz ser voyeur das confidências no divã. Para a maria_árvore, a minha macaquice de hoje.


Um copo de água gelada, por favor.

Ele estava sentado no banco de jardim com as pernas abertas e o fecho da braguilha também aberto. Com certeza que ainda não tinha dado por isso e, provavelmente, também porque por isso não deram, ninguém como eu tinha parado a observar o espectáculo. Não sei se propositadamente ou se por incúria não tinha cuecas vestidas, tanto quanto se podia constatar à distância a que se encontrava. Não sou pessoa para ficar de longe a fazer sinais ainda mais que iriam parecer obscenos já que teria de começar a apontar na direcção do coiso dele ou no correspondente local na minha saia e isso poderia vir a ser mal interpretado. A última vez que me pus a fazer uns sinais desses a um tipo que levava a porta do carro mal fechado, acabamos os dois no motel da área de serviço de Leiria. Aproximei-me devagar e pelo caminho resolvi que não iria ser tão directa assim. Pediria licença e sentar-me-ia ao lado dele. E como quem não quer a coisa discretamente dir-lhe-ía que o fecho éclair deveria estar avariado. Assim pensei, assim estava disposta a agir. Mas quando me sentei, uma corrente de ar fresco invadiu-me os recantos mais íntimos. Uma corrente de ar, vinda não sei bem de onde, atravessava como que por magia toda a superfície do banco, exactamente cinco centímetros acima dos joelhos sentados.

Deve compreender, Sr. Doutor, porque nem me atrevi a dizer-lhe nada. Se eu tivesse braguilha, às três horas da tarde de um Domingo de Agosto também a abriria. Naquela altura teria sido bem melhor do que matar a sede com um copo de água gelada. E foi assim que todos os Domingos de Verão passei a procurar aquele homem de braguilha ao ar, para que me acalmasse os calores.

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