domingo, dezembro 11, 2005

883. Moreanes, 11 de Dezembro de 2005 – Coisas de Fim-de-semana

A Maria não apareceu como habitualmente. Fazia 2 ou 3 dias que ninguém a via. Acabamos por a descobri-la no palheiro do Ti Romão, tinha tido canitos. Não os abandonou nem um minuto o que significa que passou todos esses dias sem comer. Tremia quando se assomou à pequena janela do palheiro. Chamei-a para que fosse comigo mas não veio, pois recusou-se a abandonar as crias. Se a Maria não vai à comida, vai a comida à Maria. Devorou uma pratalhada de carne, cozinhada propositadamente para ela, que até dava gosto ver. Nos dias seguintes repetimos a operação, duas vezes por dia.

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A Ti Clarisse fez 91 anos, este Domingo. Uma lucidez impressionante. Diz que já lhe vai escasseando a vista mas a memória está intacta. Conta histórias como ninguém, sabe nomes, datas, as antigas e as recentes, está a par de tudo quanto se passa no país e no mundo. É ela que cozinha as suas próprias refeições, di-lo com orgulho. Quando a fomos visitar estava a fazer um bolo para mandar para o filho que vive em Barcelona. Sem olhar para relógios, sem preocupação, tirou o bolo do forno, no ponto. Como a massa restava fez mais dois. Ofereceu-nos um deles e, garanto-vos, estava delicioso. Das histórias que ouvimos conto-vos apenas uma. Em discurso directo.
Em descendo estes dois degraus, faltaram-me as pernas. Nem sei como foi, bati com a cabeça na esquina deste armário (mostrou-nos o local). Fiz um golpe na cabeça que só visto. Escorria sangue por todo lado e o pior é que sentia a cara dormente. A custo lá me fui amparando numa cadeira e nesta mesa e lá me levantei. Fui direita à cozinha, preocupada com a cara dormente e peguei um pedacinho de pão. Mastiguei-o e disse cá para comigo: - pelo menos não parti os queixos.

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O Liedson e o Bruno Vale poderiam ser chamados de Os Justiceiros. O avançado rematou e não marcou, o guarda-redes estirou-se e defendeu. Bem vistas as coisas também não tinha sido penalty, coisa só vista pelo árbitro. Fez-se justiça.

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O idoso Cavaco referiu, no último debate da TVI, que se viera a ser Presidente da República mandará efectuar um estudo sobre a sustentabilidade da Segurança Social. Este estudo foi acabadinho de fazer e apenas uma mente idosa e cansada (quando se trata de um candidato ao mais alto cargo da nação) poderia cometer esta gaffe. Aliás, já há uns tempinhos atrás, o idoso Soares tinha cometido uma gaffe similar sobre um outro assunto que, penso, todos estareis recordados. Já que estes candidatos estão sempre a falar nas oportunidades que devem ser dada aos jovens, porque é que não se reformam?

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Não é actor quem quer, é actor quem p(h)ode. No canal 13 da TV Cabo, um dificílimo e muitíssimo bem elaborado diálogo.
Ela: - á á á á, ô, ô, ô, ô, hum, hummmmm...
Ele: - áááááááá, ááááááá...

É tão fácil ser actor. Haja tesão!

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Por falar em TV Cabo, mais uma rocambolesca história de mau serviço. Vou continuar a peleia e depois conto-vos os principais e os finalmentes. Agora não, se não, vou voltar a ficar mal disposto.

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Três sons. Apenas 3 sons. Os pássaros, os balidos das ovelhas e o crepitar da lenha na lareira. Como é boa a vida no campo.

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Alberto João Jardim. Haja paciência. Se existisse um amplo movimento para a independência da Madeira eu encabeçaria a lista. Vá lá gozar com a *** que o pariu.

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SUOR. Tinha-o lido pela primeira vez em 1978. Quase trinta anos depois revisitei este momento extraordinário da obra de Jorge Amado. Infelizmente, tão actual.

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Crueldade. Tiraram os canitos à Maria. Veio ter connosco a chorar. Impotentes, não conseguimos esconder uma lágrima. Também se chora pelos cães.

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