terça-feira, setembro 19, 2006

1041. Há coisas fantásticas, não há? (*)
(onde o Pré avisa os seus leitores que daqui a uns dias invadirá os hospitais)

Já é costume deste Governo, utilizar o referendo para introduzir as suas medidas políticas. Lançam uma ideia no ar do tipo, “estamos a pensar que se deveria fazer isto ou aquilo” e os média encarregam-se do resto. Eles são fóruns na rádio, debates na televisão, crónicas de jornais, a blogosfera remexe-se e depois, passado pouco tempo, a medida acaba por ser introduzida mediante o apalpar do pulso e quiçá a contabilização dos votos. Quantos votos perderemos em Barcelos ou em Elvas se fecharmos as maternidades? Quantos votos se perdem se fecharmos uma centena de escolas por esse interior fora? Ok, feitas as contas serão poucos e de medida impopular em medida impopular lá vai o Governo subindo nas sondagens. Parece uma contradição, mas na realidade não é. Sempre aparecem os puxa-saco (como dizem os nossos irmãos brasileiros), os bajuladores oficiais que, em horas de maior audiência televisiva conseguem dar a volta às pequeninas cabeças que dividem o seu tempo, entre o Você na TV e a Praça da Alegria, as infindáveis telenovelas e concursos diários das televisões, as discussões “futeboleiras”. Quando estivermos a um mês das eleições, poderão querer que, serão lançadas algumas cenouras para aqueles a quem algumas destas chicotadas se presume possam ter feito estragos. Mas enquanto o pau vai e vem folgam as costas. E é assim que o Ministro da Saúde lança para o ar (e daqui a uns dias lançará a mão ao nosso bolso) a questão das taxas moderadoras nas cirurgias e nos internamentos. Eu tenho estado a pensar que da última vez que fui operado, fui porque quis e não porque estava doente e porque o médico não me aconselhou. Saí, cantando e rindo, direito ao hospital e junto ao cirurgião, atirei-lhe “olhe, opere-me já a este hemorroidal porque já estou quase sem pinga de sangue e isto não tem gracinha nenhuma” E vai daí, como não paguei taxa moderadora ele operou-me. E agora antes da medida sair em Diário da República ainda lá vou voltar uma dúzia de vezes. Hei-de tirar o rim, fazer um transplante de coração, eliminar as cataratas, debelar a hérnia discal, controlar a pubalgia, colocar os dentes no lugar porque eu caí da árvore de propósito só para ser operado, vou fazer uma palatoplastia para acabar com este ressonar maldito, tirar o menisco do joelho direito (se calhar aproveito para tirar o do esquerdo também), colocar uma banda gástrica só para ver se deixo de ter o problema de não encontra roupa para uma pessoa de 250 quilos e, talvez finalmente, pois não deverei ter tempo para mais, tirar a vesícula só para que não digam que eu tenho maus fígados. Depois modero-me, porra!

PS. (*) de um anúncio televisivo.

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