sexta-feira, março 27, 2009

1401. Dia Mundial do Teatro


No silêncio. Um fogão de lenha a crepitar de onde se vislumbra uma pequena cortina de fumo a sair de uma panela de ferro meio escurecida. Numa mesa de tosca madeira, um marcador em linho já esgaçado. Um cesto com um pão partido e outro inteiro, dois copos ainda sujos de vinho. Uma garrafa de vidro branco meio cheia. Dois bancos, tão toscos como a tosca mesa de madeira no chão, meio desarrumados, indiciando que há pouco alguém os abandonou. Ao fundo da sala à direita, na penumbra da casa apenas alumiada aqui e além pelas pequenas línguas de labareda que teimam em se levantar das chapotas de azinho que ardem na lareira, uma cama. Parece descortinar-se um vulto mas não é certo que alguém ali esteja encostado. Do lado esquerdo da parede do fundo, uma porta em madeira verde escura, tanto quanto é possível descortinar a cor na semi-obscuridade da divisão, parece dar para um jardim. Mais perto da lareira, um gato preto e branco dorme enroscado em si mesmo.

Dois pequenos toques na porta quebram por instantes o silêncio do cenário. Depois duas palmadas de mão aberta fazem tremer ligeiramente a mesa onde se ouviu tiritar um copo contra a garrafa. O gato acordou. Finalmente uma sequência de pancadas, quase como que de aflição fazem até estremecer o palco.

Palco? Eu disse palco? Isto é o cenário para uma peça? Sendo assim terei de deixar a narrativa por aqui.

Ao palco quem é de palco.


PS. A foto que hoje exponho é do próprio PreDatado há quase 30 anos atrás numa das suas incursões em Café-Concerto. Achei engraçado colocar aqui nesta ligeira homenagem ao Dia Mundial do Teatro. Os restantes elementos da fotografia foram apagados para reserva da privacidade.
_____
Entretanto há glicinias aqui e a "terrivel" janette aqui.

Sem comentários: