segunda-feira, março 08, 2010

1523. O fado é um gajo porreiro



Primeiro, o jantar. O arroz de coentros fez uma excelente companhia à batatinha assada e à salada de alface, no adorno ao (tenríssimo) lombo de porco no forno. As entradas com pequenos pastéis de bacalhau, queijo de cabra e de ovelha, paio da região, a macedónia de cenouras com molho vinagrete, as azeitonas com orégãos já nos tinham deixado de água na boca. A simpatia e, porque não, o profissionalismo da Ana Rita, da Sandra e das outras pequenas que nos serviram não deixaram por mãos alheias os créditos que lhes são devidos. Quanta à rega, ela foi feita com João Pires branco, um terras do Sado escorreito e claro com um alentejano de estalar os lábios, um tinto da Herdade de Lagos no Vale de Açor, Mértola.

Segundo, o fado. Eu gosto de fado de todas as qualidades. Quero dizer eu gosto de ouvir cantar o fado, seja em vinil ou em cedê de plástico, seja no carro ou na hi-fi, seja na TV ou na telefonia. Se eu tiver à minha frente um prato de bacalhau assado, temperado com o belo azeite português, alho, pimenta e coentros picados e também um jarro de vinho tinto e um copo de vidro grosso, ponho a rodar um disco dos saudosos Manuel de Almeida ou Fernando Maurício já que é impossível voltar a tê-los em cartaz. Quem esteve em cartaz foram os, por mim até à data não conhecidos, Ana Tareco e Carlos Filipe. Se o Carlos é de Santarém, cidade com largas tradições fadistas já a Ana é uma fadista de Beja, cidade onde normal e naturalmente pontifica o Cante. Mas esta voz rendeu-se, e muito bem digo eu, à sedução do Menor, do Corrido e do Mouraria e desatou a cantar o fado. Ambos mereceram um fortíssimo BRAVO da assistência que enchia por completo as mesas.




Finalmente, mas não menos importante, a mesa. O Zé Augusto e a Cristina, A Paula e o Fernando, O Álvaro e a São e a Maria José e eu comemos, rimos, acompanhamos com larilolé, com certeza, e batemos palminhas. Alguns mais bêbados do que outros mas todos colhemos a rosa branca, estivemos numa casa portuguesa, perguntamos à comadre Maria Benta pelo seu filho e terminamos (sem dó) na maior.

E agora é que é finalmente mesmo, para deixar registado que tudo isto se passou na Casa do Guizo, Monte do Guizo, Mértola. Parabéns Ana Rita pela organização do evento, pela qualidade e como já se disse pela simpatia.

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